Repara: - a imóvel crisálida
Já se agitou, inquieta,
Cedo, rasgando a mortalha,
Ressurgirá borboleta.
Que misteriosa influência
A metamorfose opera!
Um raio de sol, um sopro
Ao passar, a vida gera.
Assim minha alma, inda ontem
crisálida entorpecida,
Já hoje treme, e amanhã
Voará cheia de vida.
Tu olhaste - e do letargo
Mago influxo me desperta:
Surjo ao amor, surjo à vida
A luz de uma aurora incerta.
Júlio Dinis, Poesias
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