sexta-feira, 27 de novembro de 2009

O tempo conserva e altera ...

O tempo conserva e altera coisas nas pessoas!
Seremos reconhecidos á distância pelo nosso andar característico por exemplo, pela nossa voz inconfundível, pelo sorriso ou pela falta dele, mas também poderemos passar despercebidos porque mudámos de visual, cor de cabelo, usamos ou deixámos de usar óculos, perdemos ou ganhámos uns quilos... e um dia alguém que se vai encontrar connosco fica na dúvida se somos nós - Já aconteceu e certamente não terá sido a última vez!
Também acontece, por vezes, encontrar pessoas que conhecemos de algum lugar e não recordamos qual, sem dúvida que o tempo conserva e altera também memórias.
JM

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Um café no Magnólia

Registo hoje um café no Magnólia em boa companhia. Matar saudades faz bem!

Li algures, reflecti e deixo para reflexão "conhecemos melhor alguém pelas perguntas que faz do que pelas respostas que dá"

JM

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Diz homem, diz criança, diz estrela

Diz homem, diz criança, diz estrela
Repete as sílabas
onde a luz é feliz e se demora.

Volta a dizer: homem, mulher, criança
onde a beleza é mais nova.

Eugénio de Andrade

terça-feira, 24 de novembro de 2009

É preciso saber escutar

"...escutar com os olhos e ouvidos
escutar com a alma e com todos os sentidos"

Anónimo, que subscrevo

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Filhos do desespero...

A actual Lei da imigração já gerou muitos filhos do desespero.
Um dia sairam do seu país em busca de melhores condições de vida e mesmo sem as terem conseguido obter não querem voltar! Socorrem-se de todas as estratégias possíveis para poderem ficar e uma que parece estar a resultar é contribuir para o aumento da natalidade num país que está a envelhecer.
A pobreza está gerar filhos do desespero, apoiando-se em abonos pré-natal, rendimento social de inserção e outros subsídios que tais, teoricamente correctos, mas pouco estruturantes na prática para muitas famílias.
Que histórias de vida terão estas crianças daqui a uns anos para contar?!
JM

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

fitamos o sereno

fitamos o sereno. morremos em cada
passáro que nos atravessa o pensamento
e altos vamos cair noutra estrela.

podíamos ficar assim a vida toda.
podíamos amar sem nunca ter vivido.

quem sabe perdemos por não ter dado conta.
a tristeza é uma flor que amanhece de repente.

quem sabe.fomos nós que prolongámos a viagem
e nem um de nós regressa de tão longe agora.

talvez seja tarde para reconhecermos as palavras.
as tochas ardentes dentro das palavras.
a voz invocada da inspiração. o sussurro da água.

daniel gonçalves, um lugar onde supor o silêncio

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

A um nunca mais o quero ver ...uma resposta "Deus a ajude"

Nem sempre é possível tratar os outros com a proximidade e o distanciamento q.b., mas hoje consegui fazê-lo, porque de facto na situação em questão nada mais havia a fazer, tendo sido um pouco fria na despedida - a um nunca mais o quero ver, obtive uma resposta de alguém que já perdeu muita coisa na vida, mas mantém a sua fé e respondeu "Deus a ajude".
JM

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Dantes tudo se consertava...

Dantes tudo se consertava, agora os usos e costumes são outros e quase tudo se deita fora...
Ser amolador antigamente era profissão com clientela garantida na aldeia e mesmo na cidade.
Actualmente na cidade "dormitório" a passagem do amolador, na sua bicicleta, quase passa despercebida e de pouco serve tocar a gaita-de-beiços para chamar clientes ausentes durante o dia, e mesmo os que estão presentes, já não têm facas nem tesouras para afiar e os chapéus de chuva quando se estragam ao lixo vão parar!
É claro que os amoladores tendem a desaparecer, mas ainda há pouco tempo questionando um jovem sobre qual a profissão do pai, me respondeu ser amolador na zona de Sintra.
Hoje passei por um que numa mão segurava "a gaita" e com a outra a bicicleta, deslocava-se sem pressas e olhando em redor, como quem vai andando e esperando que desçam dos prédios alguns clientes.
Recordei a minha avó que sempre tinha algo para consertar quando se ouvia o característico toque da gaita do amolador a aproximar-se da casa na aldeia.

JM

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Analogia

Eram de longe.
Do mar traziam
o que é do mar: doçura
e ardor nos olhos fatigados.

Eugénio de Andrade

domingo, 15 de novembro de 2009

Amor ...

(...)
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
(...)

Carlos Drummond Andrade

sábado, 14 de novembro de 2009

Guincho hoje sem vento!

Guincho sem vento, sem areia pelos ares,
olhos libertos ao ar livre para olhar e ver
o mar calmo, de ondas e espuma brancas
...tranquilizantes.
Hoje sem surfistas, as dunas foram menos pisadas
e bem apreciadas por quem gosta da Natureza.
JM

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Alentejo

A luz que te ilumina,
Terra da cor dos olhos de quem
olha!
A paz que se adivinha
Na tua solidão
Que nenhuma mesquinha
Condição
Pode compreender e povoar!
O mistério da tua imensidão
Onde o tempo caminha
Sem chegar!...

Miguel Torga, Diário XII, 20/10/1974

Alguém que se esqueceu de si mesma, está agarrada á vida

Uma antiga colega de trabalho de Lisboa, com quem não falava há cerca de quatro anos, ligou-me hoje. Foi emocionante ouvi-la e falar com ela. De repente também eu não me lembrava de si!Explicou que durante cerca de um ano deixou de saber quem era - " estive desligada desta vida, não falava, não escrevia, ía para onde me levavam, até ser reformada por invalidez com 54 anos..."- foi assim que falou de si para me recordar quem é, valorizando a importância de poder reestabelecer o contacto, poder falar, recordar, rir, ter consciência de si e poder ajudar os outros, neste caso uma tia de 85 anos, que deixou de se bastar a si própria e não tendo filhos precisa do seu apoio até ser integrada num lar, preferencialmente na aldeia mais próxima onde sempre viveu, na vila ou cidade alentejana mais próxima ou onde haja vagas...um problema nos tempos que correm sobretudo para quem tem baixas pensões de reforma.
Aquilo que acontece aos outros um dia pode acontecer-nos também e se for possível prevenir...
vale mais que remediar!!
JM

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

No dia de São Martinho ...

Como manda a tradição e por prazer, não deixando de comer castanhas saborosas do Alentejo, neste dia de São Martinho, não vi pobres com fome ou com frio a necessitar do auxílio ou da capa do cavaleiro da Lenda, mas vi beneficiários de rendimento social de inserção a viver ostentando riqueza numa casa que, alegadamente sua, deixou de o ser por conveniência!! Maroscas e in)justiças da vida real ...

JM

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Perfeccionista sofre!

Quando alguém se impõe a si própria atingir a "perfeição" naquilo que faz, mesmo o muito bom pode ser motivo de sofrimento. Quando o nível de exigência é grande, por vezes perde-se a noção de limites e compromete-se a capacidade de estabelecer prioridades.
Falar de sucesso e insucesso escolar é complicado e neste contexto há outras variáveis a introduzir, muito dificeis de equacionar e de resolver.

JM

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

"Um cego vê da sua janela o que consegue ouvir"

O que é que certas pessoas ...
alheadas ou distraídas, não sendo cegas nem surdas, não veêm e/ou não ouvem?

JM

domingo, 1 de novembro de 2009

O tempo é a maré que leva e traz o mar...


(...)
Tudo ali pára como nas fotografias
É a tarde de agosto o rio a música o teu rosto
És tu surges de branco pela rua antigamente
noite iluminada noite de nuvens ó melhor mulher
(E nos alpes o cansado humanista canta alegremente)
"Mudança possui tudo"? Nada muda
nem sequer o cultor dos sistemáticos cuidados
levanta a dobra da tragédia nestas brancas horas
Deus anda á beira de água calça arregaçada
como um homem se deita como um homem se levanta
Somos crianças feitas para grandes férias
pássaros pedradas de calor
atiradas ao frio em redor
pássaros compêndios de vida
e morte resumida em asas
Ali fica o retrato destes dias
gestos e pensamentos tudo fixo
Manhã dos outros não nossa manhã
pagão solar de uma alegria calma
De terra vem a água e da água a alma
o tempo é a maré que leva e traz
o mar às praias onde eternamente somos
Sabemos agora em que medida merecemos a vida

Ruy Belo, Todos os Poemas