quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Ano a terminar...

É bom estar de férias nesta altura do ano e reflectir com o poeta:
...A cada hora se muda não só a hora
Mas o que se crê nela, e a vida passa
Entre viver e ser.
...Parte da minha vida.
Em tudo quanto olhei fiquei em parte.
Com tudo quanto vi, se passa, passo,
Nem distingue a memória
Do que vi do que fui.
...No breve número de doze meses
O ano passa, e breves são os anos,
Poucos a vida dura.
...Cada dia sem gozo não foi teu
Foi só durares nele. Quanto vivas
Sem que o gozes, não vives.

Fernando Pessoa, in Odes de Ricardo Reis

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Família...Amor

Os preparativos para a noite
em família estão em marcha,
e entusiasmo não falta!
Faltará a presença de alguns
que no entanto estão
no coração!
Falar de Amor
é o lema de uma canção
de Olavo Bilac
que, já após a meia-noite
ouvimos e vimos na TV
e com quem há pouco
nos cruzamos aqui perto!
Coincidências...
A cantarolar
vamos aguardar
que a família possa chegar!
Poderemos confraternizar
neste tempo de Amar!
Tempo para lembrar também
quem não tem ninguém!
E sem esquecer,
perdoar outros,
que não agindo bem,
têm muito que aprender!
JM

sábado, 22 de dezembro de 2007

Paz

Paz, Amor, Liberdade,
Palavras cheias de significado,
no que está prestes a ser festejado:
o nascimento do "Deus-Menino
nas palhinhas deitado"!
Óbidos vestiu-se de branco,
a côr da Paz!
Vale a pena visitar,
intra muros,
esta bela Vila Natal.
A exposição de presépios,
a neve, as renas,
os diabretes, os duendes,
para ajudar!
E sem esquecer a boa ginjinha!
Enfim, não falta alegria
e muita animação
para partilhar
bons momentos em família,
por isso aqui fica a sugestão!
(até dia 6 de Janeiro de 2008)
Sinto-me em Paz ao fim do 1º dia de férias.
JM

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Anjos...

Eles querem voar
voar mais alto
Eles querem sonhar
sonhar ainda
Mas sobretudo crer e provar
Que a tarde que lhes resta
É linda

Têm as asas feridas, quebradas
Falta-lhes força para abraçar
A claridade das madrugadas
O dia pleno cheio de cor
A felicidade
E o amor

Têm os corpos presos à dor
Cárcere de angústia e sofrimento
Perdem o pulso, escorre o suor
Vai-se a esperança momento
A momento

Surgem os anjos das batatas brancas
Lutam com alma com destemor
Unem o saber e a devoção
E num esforço quase irreal
Juntam a técnica e o coração
É o triunfo do amor
Total!

Eles irão voar
voar mais alto
Eles irão sonhar
sonhar ainda
Porque a estrada
Que têm pela frente
É de repente
Linda!

Ficam os anjos das batatas brancas
Firmes rochedos prontos a amar
Movem montanhas, afastam medos
Colhem espinhos, guardam segredos
E a quem Deus disse:
"Ide meus filhos, ide curar!"

Ofélia Bomba, In Para Ti - Poemas, 2004

Citando autor desconhecido, deixo ainda para reflexão: " O que há de grande na Humanidade é a fraternidade na dor"... e pretende ser um apêlo para que sejamos mais fraternos para com os que sofrem.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Natal

Tu, que me lês, amigo, neste instante
- brevíssimo, fugaz, intemporal -
alheio, por inteiro, e bem distante
de haver dentro de nós, sempre, um Natal;

Que passas os teus olhos com desplante
no canto que aqui trago, universal;
Que ris de quem te afirma e te garante
que Cristo, neste mundo, é imortal;

Talvez, num amanhã, quando o releias,
a luz se te descerre nas ideias
e vejas o quão triste é ir sózinho.

Que entendas que Natal é cada dia,
se o Homem for um verso da Poesia
e um Cristo o for guiando no caminho.

João Coelho dos Santos, in Florilégio de Natal 2007

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Luz!

Preciso muito de luz!
Essencialmente da luz do sol!
Mas neste tempo
Outras luzes se acendem
E iluminam os caminhos
E os destinos
De muita gente!
Estrela cadente
Lembra aos meninos
E aos crescidos
História de embalar
E encantar!
Tenha fé
Seja ou não Cristão
Para acreditar
Que Jesus é nosso Irmão!
JM

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Refectir...

Aproveitando uma pausa à hora de almoço, numa estação de correios, enquanto aguardava pela minha vez, peguei num livro, que me convidou pelo título sugestivo "Voando como a águia - A inteligência espiritual como factor de mudança". O autor é Gretz. Li-o na diagonal e retirei esta mensagem de Neo Buscarle, que deixo para reflexão:
Os seres humanos são como anjos de uma só asa.
Só conseguem voar quando estão abraçados.

sábado, 15 de dezembro de 2007

Madrugada

Após um grande dia de festa
que completou a 1ª década
de vida de uma criança,
é madrugada,
dorme agora em paz
uma noite descansada!
E talvez sonhe
com o futuro
que é já hoje!
Como foi ontem,
que seja feliz,
hoje e sempre!
Que nunca deixe
de partilhar
muita alegria de viver
e nunca se sinta só
no meio de muita gente!
JM

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Lágrima

Encontrei uma preta
que estava a chorar
pedi-lhe uma lágrima
para analisar.

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterelizado.

Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.

Mandei vir os ácidos
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos tais.

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:

nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.

António Gedeão

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Gente a mais

O que fazemos ou deixamos de fazer por falta de vontade!
Hoje podia ter feito tanto que não fiz ...
simplesmente porque não me apeteceu.
Lisboa estava menos apelativa;
As ruas e o metro tinham gente a mais
e isso incomodou-me,
senti-me demasiado tocada
e totalmente invadida!
Dei mais valor
ao meu lugar sentada
no comboio para Sintra!
Permanecer na Capital
nesta altura de Natal
pareceu-me infernal!
JM

Não ouvir

Há os que não ouvem
e sofrem por isso
e há outros
que preferem não ouvir
porque lhes convém!
Não dão ouvidos
aos incomodados,
aos revoltados
e que mesmo cansados,
não param de falar;
procuram respostas,
que outros,
por as não terem,
querem fazer calar!
Não consentem
nem desmentem,
mas assustando
obrigam a silenciar!

Agora noutro registo
e a propósito de surdez absoluta,
relembre-se que Beethoven se encontrava totalmente surdo
quando compôs "Coral"- a 9ª Sinfonia, considerada a jóia da sua produção musical.

Fica assim implícita uma réstea de esperança relativamente aos "frutos" que possam provir dos "surdos a fingir"que reinam na actualidade...
JM

domingo, 9 de dezembro de 2007

Viajar

Viajar é correr mundo,
voar mais alto que os pássaros
ou pisar o chão da terra
ou as ondas do Luar Alto...
É ver bichos de muitas cores e
feitios, montanhas,
rios,
e ribeiros
e pessoas
e lugares.
Conhecer e descobrir,
inventar e duvidar
sabendo cada vez mais,
sem nunca pensar que basta
o mundo que se conhece.
E alargá-lo com amor
dentro de nós e dos outros.

Alves Redol

Tradição

Já cheira a pinheiro cá em casa, já fizémos a árvore de Natal!
Mas a tradição já não é o que era dizia-nos o senhor onde o comprámos, pois já poucas pessoas preferem o natural, a avaliar pelo nº dos que o procuram, considera que compram árvores artificiais aos chinenes, que as vendem a menor preço, estando implícitas questões de concorrência leal e às vezes desleal ao comércio nacional, que têm dado muito que falar.
Mas falar de tradição num contexto de globalização daria muito para especular!
Ainda por cima neste fim de semana que em Lisboa se encontra a decorrer a cimeira entre os líderes de África e da Europa! Discursos importantes sem dúvida que "pondo em comum" poderão ser um ponto de partida para ultrapassar muitas divergências culturais e políticas.
Mas nada pára porque de facto o Natal aproxima-se.
A asáfama das compras, a agitação das pessoas,
aparentemente, preenchidas,
mas no fundo,
quantas se sentirão vazias?!!
JM

Nesta procura em encontrar o que dar e na mira de receber, ainda que inconsciente,
recordo a propósito parte da letra de uma canção de Pedro Abrunhosa, em Viagens
"Tudo o que eu te dou tu me dás a mim
...Eu não sei
Que mais posso ser
um dia rei
Outro dia sem comer.
Por vezes forte,
Coragem de leão,
Ás vezes fraco,
Assim é o coração
(...)
Tudo o que te dou,
Tu me dás a mim.
Tudo o que eu sonhei,
Tu serás assim."

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Não ver

Por que será que nós temos
na frente, aos montes, aos molhos,
tantas coisas que não vemos
nem mesmo perto dos olhos?

António Aleixo

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Encontros

Encontros, reencontros, novos conhecimentos, recordo uma ída a Lisboa na semana passada, em que foi possível conciliar trabalho com outros afazeres pessoais, e destaco o encontro e reencontro com amigos especiais e ex-colegas de trabalho e conhecimento de novas pessoas. Cada vez estou mais convencida que é importante preservar esta faceta das nossas vidas, os amigos! Os verdadeiramente amigos acompanham-nos onde quer que estejamos, mas o contacto pessoal é muito gratificante. É bom conversar ao vivo, ouvirmos e sermos ouvidos, falar de coisas diferentes, quebrar a rotina, rir e chorar e chorar rindo! O tempo podia ter dado para mais, mas foi bom voltar a Alvalade, já tinha saudades também do local!
JM

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Vida

Mestremar comentando o poema anterior, fala em" geito", de facto a vida, a nossa vida somos nós e as circunstâncias. O que somos, o que temos e o que queremos nem sempre são coincidentes! Ás vezes parece que não há volta a dar-lhe! É preciso ter mais ou menos geito para nos adaptarmos e/ou sobrevivermos em condições que, muitas vezes, são mais adversas que favoráveis ao nosso bem estar e realização pessoal, familiar e profissional.
JM

Hoje um amigo enviou-me um e-mail com um pensamento de Charles Chaplin que pode ser conclusivo para muitos, que aproveito também para partilhar aqui, apenas a parte final, que subscrevo:
...Bom mesmo é ir à luta com determinação,
abraçar a vida e viver com paixão,
perder com classe e vencer com ousadia,
porque o mundo pertence a quem se atreve
e a Vida é Muito para ser insignificante!

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Poema ao doente

(...) A troco da emoção
Que sempre me provocas,
E pela realização
Do sonho mais ardente
Que tu, também, evocas.

Para ti foi meu estudo,
Nas grandes solidões
De noites sem dormir,
Que é outra forma de amar,
De amar e de servir.

(...) Contigo,
Invado o mundo dos segredos,
Corro a angústia de lés-a-lés,
Desejos de morte ou apenas medos
E tudo o que, no fundo,
Exactamente és.

Por ti desbravo a timidez,
Amparo a euforia,
Traço com nitidez,
Projectos de harmonia.

Contigo,
Vagueio na confusão
Viajo no delírio
E subo os degraus
Do calvário e do martírio.
Por isso,
A nossa relação,
Feita de confiança,
Não é só busca possível,
Uma troca fria
De dúvida-saber,
Uma dor-esperança,
Mas um elo incrível
Que só tu e eu
Podemos entender!

Ofélia Bomba, médica psiquiatra
In "Poemas do Rato Morto"

Considero que o conteúdo deste poema é um desafio à nossa sanidade mental e um alerta para que a preservemos. Publico-o nesta Quadra de Natal que se avizinha pensando em todos os doentes.

Trabalho...

Trabalhamos para viver ou vivemos para trabalhar?!
Trabalhamos por prazer ou nem por isso?!
Produzimos mais e melhor sob pressão?!
Fazemos coisas com sentido ou sem sentido nenhum?!
Somos especialistas e polivalentes ou não passamos de generalistas?!
"Somos salta pocinhas"; "Somos bolas de ping pong";"Apagamos fogos";
-Quem não ouviu já estas expressões e/ou não se sentiu um pouco de tudo isto?!
Ajudamos alguém ou precisamos de ajuda?!
Interrogações e exclamações são alertas à nossa consciência.
Hoje ao fim de um dia "preenchido de afazeres, incluindo urgências" li num jornal diário uma opinião que achei curiosa, me fez reflectir e passo a transcrever, cujo autor é um "pacato e talentoso alentejano" - o músico e cantor Vitorino que diz o seguinte:
Nunca seria um trabalhador compulsivo como vocês são obrigados a ser .
Trabalhar no mundo artístico permite dizer estas coisas, ser artista é seguramente ser muito mais livre que um qualquer ser humano!
Como acredito na máxima que diz que "nunca é tarde para aprender", vou esperar por novos desafios e quem sabe um dia possamos todos ser menos "compulsivos" e mais livres !!!!!!!
JM

domingo, 2 de dezembro de 2007

Hoje

Contente de me dar como as gaivotas
bebo o outono e a tarde arrefecida.
Perfeito o céu, perfeito o mar, e este amor
por mais que digam é perfeito como a vida.

Tenho tristezas como toda a gente.
E como toda a gente quero alegria.
Mas hoje sou de um céu que tem gaivotas,
leve o diabo essa morte dia a dia.

Eugénio de Andrade

Fé...Espiritualidade

Ter fé, cada um tem a sua! Cada um tem o seu "Deus". Acreditar que a "vida não acaba apenas se transforma" é um lema complexo e prende-se com o conceito de espiritualidade, controverso e difícil de definir.
Em 2003 li "Parar - como parar quando temos de continuar" de David Kundtz, que me marcou profundamente e ainda há poucos dias acabei de o reler, ficando uma vez mais ciente da importância e necessidade que temos de parar no verdadeiro sentido da palavra. Parar, ainda que por segundos e ficar a sós connosco próprios nem que seja para respirar tranquilamente e libertar a tensão e o stress, que tantas vezes parecem quase sufocar-nos!
Em "Parar" o autor também aborda a questão da espiritualidade, considerando o parar como um processo espiritual e socorrendo-se da descrição do teólogo David Griffin e ideia do psicólogo James Hillman, define espiritualidade como os "conceitos e valores com que regemos as nossas vidas, tanto nos cumes como nos vales", ..."aquilo por que nos sacrificamos, o que colocamos em primeiro lugar, e que gostaríamos de abandonar por último. São as nossas respostas às questões importantes da vida, e são as verdades no nosso leito de morte...A nossa moralidade tem como base a nossa própria espiritualidade".
David Kundtz faz-nos reflectir sobre "Deus", chama a atenção para o facto de não poder ser limitado e a " Graça" não conhecer fronteiras. E para aqueles que têm olhos para ver, tudo é sagrado!
JM

sábado, 1 de dezembro de 2007

Imortal

Imortal é aquele que vive para além da sua morte porque não é esquecido.
Pavarotti será imortal, ouvi-lo, olhando o mar e o céu, é calmante, nenhum sentido lhe é indiferente!
Lembro entes queridos que já partiram,
mas continuam vivos na minha memória,
serão eternos.
JM

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Amor

Amor é motor, move-nos e faz mover, dá-nos energia, mas exige partilha para que possa multiplicar-se e quem não precisa de amar e sentir-se amado? Todos precisamos, todos queremos receber e será que todos damos o nosso melhor?
Começo o dia com interrogações, acho que é um bom começo.
Retenho na memória algumas passagens do "Segredo" que li e que não sendo nada de novo considero ser um manual de treino para o pensamento positivo, para estarmos mais dispertos para a importância das energias positivas e o poder da lei da atracção.
Assim, Lisa Nichols, uma das autoras citadas no livro afirma que toda a alegria está na frequência do amor - a frequência mais elevada que existe. Não podemos segurar o amor na mão, mas podemos senti-lo com o coração. É um estado de espírito. A capacidade de cada um para gerar amor é ilimitada e quando se ama estamos numa harmonia total e plena com o Universo.
Assim, digo eu, devemos sintonizar-nos para amar o máximo!
A lei da atracção, segundo esta corrente, devolve-nos mais coisas para amar e faz-nos sentir melhor connosco e com os outros.
Em tempo de Natal e todo o ano, como dizia alguém que comentou"Alegria", é sempre tempo de AMAR.
JM

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Rir

Já li há tempos e estou a reler "Rir é uma coisa séria" de Donata Francescato.
Não sendo dito pela autora, apetece-me começar por dizer que é muito sério e grave não rir ou sorrir, e quem o não faz, ou não quer, não consegue, ou talvez não saiba fazê-lo... pode não ter aprendido ou já se ter esquecido... dito isto desta forma simples estará, desde já, justificado o nome do livro!
Das várias abordagens possíveis às funções do riso, Donata salienta o facto do cómico nos ajudar a ultrapassar os limites da realidade, no sentido em que nos possibilita "livrar-nos da seriedade da vida ou aproximar-nos do transcendente".
Rir faz bem à alma é usual ouvir-se!
Sugiro então uma boa gargalhada de vez em quando, como forma de conseguirmos obter "a laboriosa convivência entre a mente e o corpo num ser que está em condições de colocar-se fora de si".
JM

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Palavras chave

Tempo
Espaço
Cérebro "racional" e "emocional"
Olhos
Mãos
Pés
...destaco estes, entre outros, como "ingredientes" com os quais fazemos ou deixamos de fazer muitas coisas! Ponto por ponto, o que podemos pensar e dizer é infinitamente muito.
Direi apenas que já me impressionei com talentos cujos olhos estando fechados é como se vissem melhor que muito que estando escancarados o não fazem;
Já admirei obras de arte sendo os autores pessoas sem mãos e lido quase diariamente com outras que embora as tendo, usam-nas quase exclusivamente para fazer disparates;
Os pés, como são importantes os pés, são o suporte físico e condicionam de forma determinante o nosso bem estar geral e permitem-nos caminhar ou não sair do mesmo sitio. Conheci há dias uma mulher cujo passado recente, presente e, provavemente, futuro, será um autêntico calvário - sofre de uma doença rara que sendo hereditária, é crónica, degenerativa e progressiva, trata-se da doença de Charcot-Marie-Tooth. Muita gente que se lamenta por "dá cá aquela palha", devia estagiar um dia na pele desta senhora de muita força interior e dignidade.
Falar de espaço e de acessibilidades reportando-nos a pessoas com necessidades especiais não é algo irrelevante, no entanto, continua a sê-lo para muitos decisores que pura e simplesmente se esquecem que as pessoas diferentes existem!
Tempo, a falta de tempo ou ter todo o tempo do mundo...tanto que fazer ou tão pouco...vazios existem...enfim, tantas considerações que podemos tecer a este respeito. Termino dizendo como alguém disse, mais ou menos isto "o tempo é suficientemente longo para quem faz bom uso dele", por isso aqui fica a sugestão: façamos o que está ao nosso alcance para simplificar o dia a dia, porque para complicar há muitos...
Claro que não me esqueci dos cérebros racionais e emocionais, predominando os primeiros, que estão em pontos-chave a bem da Nação!
JM

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Ideal

Se eu não morresse nunca e eternamente
buscasse e conseguisse a perfeição das coisas!

Cesário Verde

sábado, 24 de novembro de 2007

Alegria

Ainda (só já!) falta um mês para a Noite de Natal e já se fazem planos em família: onde vai ser, quem vai estar presente, preparativos e, claro, que prendas, a dar e a receber?
Já não se acredita no Pai Natal, mas há como que uma magia no ar, corações a saltitar e as compras a terem que se fazer!
Muito entusiasmo, muita alegria!
Aproxima-se uma quadra festiva significativa para todos nós e em especial para os mais novos. Não ignorando os apelos cegos ao consumo, devemos reforçar a importância da família, da amizade e da solidariedade, sob pena do lema "ter mais coisas" se sobrepôr inteiramente ao lema "ser melhor pessoa".
Só melhores pessoas poderão constituir uma sociedade com mais alegria!
JM

Coincidências

Há dois ou três anos li um livro que recordo bem "Vai onde o teu coração te levar", de Susana Tammaro. Hoje na FNAC ao comprar outros livros, fiquei a saber que a minha filha, que também o leu e gostou, emprestando-o a uma amiga, que não o devolvera e pensando que não o vai recuperar, quiz adquiri-lo novamente.
Mais tarde em casa, por coincidência, ao procurar uns apontamentos, encontrei notas tiradas dessa leitura, justamente os últimos dois parágrafos que passo a partilhar, por considerar que significativo o conteúdo:
"Quando te sentires perdida, confusa, pensa nas árvores, lembra-te de que uma árvore com muita ramagem e poucas raízes é derrubada à primeira rajada de vento, e que a linfa custa a correr numa árvore com muitas raízes e pouca ramagem. As raízes e os ramos devem crescer de igual modo, deves estar nas coisas e estar sobre as coisas, só assim poderás dar sombra e abrigo, só assim, na estação apropriada, poderás cobrir-te de flores e de frutos.
E quando à tua frente se abrirem muitas estradas e não souberes a que hás-de escolher, não metas por uma ao acaso, senta-te e espera. Respira com a mesma profundidade confiante com que respiraste no dia em que vieste ao mundo, e sem deixares que nada te distraia, espera e volta a esperar. Fica quieta, em silêncio, e ouve o teu coração. Quando ele te falar, levanta-te, e vai para onde ele te levar".
JM

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Nada dizer

Não digas nada!
Não, nem a verdade!
Há tanta suavidade
Em nada dizer
E tudo entender
Tudo metade
De sentir e de ver...
Não digas nada!
...
Talvez que amanhã
Em outra paisagem
Digas que foi vã
Toda esta viagem
Até onde quis
Ser quem me agrada...
Mas ali fui feliz...
Não digas nada.

Fernando Pessoa

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Verdades

Transcrevo apenas, o que gosto de ouvir, com música:
...estou farto das fotografias
que me querem vender todos os dias
Há assassinos que não se arrependem
Há tantos pensadores que nunca aprendem
E há quem insista sempre em aprender
Mas não quer pensar...
Só quero encontrar a Paz!
...
Jorge Palma

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Gente

Esta gente cujo rosto
Às vezes luminoso
E outra vezes tosco

Ora me lembra escravos
Ora me lembra reis

Faz renascer meu gosto
De luta e combate
Contra o abutre e a cobra
O porco e o milhafre

Pois gente que tem
O rosto desenhado
Por paciência e fome
É a gente em quem
Um país ocupado
Escreve o seu nome

E em frente desta gente
Ignorada e pisada
Como pedra do chão
E mais do que a pedra
Humilhada e calcada

Meu canto se renova
E recomeço a busca
De um país liberto
De uma vida limpa
E de um tempo justo

In Geografia (1967) Sophia de Mello Breyner Andresen

Que actual continua o conteúdo do poema passados todos estes anos!!!

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Mãe

É amor, amizade, dedicação sem limites.
Está sempre "lá", em presença ou em pensamentos.
Dá, faz, desdobra-se, inventa;
Ás vezes até exagera, esquecendo-se de si!
Mãe é, sem dúvida, das palavras pequenas,
A maior que o mundo tem!

Escrevi a pensar na minha mãe.
JM

domingo, 18 de novembro de 2007

Sentimentos

Considerando a vida como uma acrobacia na corda bamba, a maior parte dos sentimentos são expressões de uma luta contínua para atingir o equilíbrio, reflexos de todos os minúsculos ajustamentos e correções sem os quais o espectáculo colapsa por inteiro. Na existência do dia a dia, os sentimentos revelam, simultaneamente, a nossa grandeza e a nossa pequenez.
António Damásio

Esperança

Conforme a definiu Espinosa, a esperança, nada mais é do que uma alegria inconstante que emerge da imagem de qualquer coisa futura ou passada, sobre cujo resultado tenhamos alguma dúvida.
Diz o senso comum que a esperança é a última coisa a perder.
Assim, acreditemos num mundo melhor, em que haja mais harmonia, mais paz, mais justiça social.

sábado, 17 de novembro de 2007

Rótulos

Bipolar,Psicopata,Deficiente,Drogado,Alcoólico...
Preto,Cigano,Estrangeiro...
Ladrão,Gay,Camionista,Prostituta,Doméstica...

Das doenças, raça ou côr da pele que não se escolhem, às profissões que, eventualmente, podem escolher-se, estilos de vida ou comportamentos, a lista de rótulos é infinita, variando com a imaginação de cada um.
O sentir, o vivenciar, o carácter e/ou a formação do utilizador estão sempre subjacentes.
Compreender a diferença, ajudar a tratar se for caso disso, inserir, cruzar os braços e nada fazer ou marginalizar, são formas possíveis de olhar e ver ou simplesmente ignorar os outros.
Talvez convenha pensar que antes de serem "rotuladas" são pessoas, se calhar, muitas vezes a precisar de alguém a quem até gostariam de pedir asas para voar, forças para carregar a pesada cruz, que simplesmente as oiça e/ou lhes dê voz, ainda que por instantes...
JM

Grito

Anjos do Sol - um filme visionado no âmbito de uma campanha de sensibilização e formação, promovida pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras em parceria com o Conselho da Europa, sobre uma das problemáticas mais preocupantes da actualidade - o tráfico de seres humanos. Este filme é impressionante e considero-o um autêntico grito contra o atentado aos direitos fundamentais consagrados na Declaração Universal dos Direitos do Homem. A dignidade humana é totalmente posta em causa, versando a exploração da pobreza, o trabalho infantil e sobretudo a prostituição forçada e as redes poderosas envolvidas, foi possível observar a crueldade, a promiscuidade e o medo estampado nos rostos daqueles sujeitos que não passam de meros objectos. Foi possível constatar quanta coragem é preciso ter para contrariar o destino que alguém traçou para aqueles "anjos" que nunca chegaram a ver o "Sol". Praticamente não vivem e sofrem demasiado os seres humanos submetidos a tais cenários de terror e tortura física e psicológica.
Sem dúvida que todos seremos poucos para dizer NÃO a este flagelo, não contribuir para o ocultar se dele tivermos conhecimento, apoiar as vítimas e ajudar a prevenir outras possíveis vítimas, divulgando informação sobre o assunto .
JM

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Memórias

Momentos vividos que se eternizaram
Muitas pessoas e locais marcantes
Movimentos, viagens
Mudanças
Paragens
Impasses
Silêncios
Em Sintra, hoje ao anoitecer, compreendi porque também a Serra é conhecida por Monte da Lua. Excelente mote para fazer um "voo nocturno" ou ouvi-lo, na voz de Jorge Palma
JM

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Simplicidade

São parvos, não rias deles,
Deixa-os ser que não são sós;
Ás vezes rimos daqueles
Que valem mais do que nós.

António Aleixo

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Desafio

Ninguém está só nas suas atribulações - existe sempre alguém a pensar, a alegrar-se ou a sofrer da mesma maneira, e isso dá-nos força para encarar melhor o desafio que temos diante de nós.

Paulo Coelho, in o Zahir

domingo, 11 de novembro de 2007

São Martinho

Um São Martinho sem o verdadeiro magusto porque as asas não foram suficientes para chegar ao caldeirão algures no Alentejo, mais que um até, que ficaram à lareira de uma casa sem gente , num local que também pouca gente tem.
As castanhas não deixaram de assinalar a data, assadas e cozidas e em família o convívio foi agradável. Um domingo a acabar diferente , a escrever este apontamento, o 1º do blogue!
JM