terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Poema ao doente

(...) A troco da emoção
Que sempre me provocas,
E pela realização
Do sonho mais ardente
Que tu, também, evocas.

Para ti foi meu estudo,
Nas grandes solidões
De noites sem dormir,
Que é outra forma de amar,
De amar e de servir.

(...) Contigo,
Invado o mundo dos segredos,
Corro a angústia de lés-a-lés,
Desejos de morte ou apenas medos
E tudo o que, no fundo,
Exactamente és.

Por ti desbravo a timidez,
Amparo a euforia,
Traço com nitidez,
Projectos de harmonia.

Contigo,
Vagueio na confusão
Viajo no delírio
E subo os degraus
Do calvário e do martírio.
Por isso,
A nossa relação,
Feita de confiança,
Não é só busca possível,
Uma troca fria
De dúvida-saber,
Uma dor-esperança,
Mas um elo incrível
Que só tu e eu
Podemos entender!

Ofélia Bomba, médica psiquiatra
In "Poemas do Rato Morto"

Considero que o conteúdo deste poema é um desafio à nossa sanidade mental e um alerta para que a preservemos. Publico-o nesta Quadra de Natal que se avizinha pensando em todos os doentes.

1 comentário:

Anónimo disse...

Deixo apenas um poema, com alguns anos, que recuperei dos meus rascunhos e memória e que continua a estar actual para mim, nalguns aspectos, não em todos - ainda bem - a vida flui e .... aqui vai

FALTA DE GEITO...

Devia haver um geito
de cada um poder dar
o geito à sua vida
que lhe quisesse dar

Se eu tivesse o geito
de como esse geito dar
havia de dar um geito
ao geito que quero dar

Mas com esta falta de geito
que não tem geito de passar
fico ficando sem geito
neste geito por encontrar

Mestremar 2007